O tempo do Natal encerra-se, nesta segunda-feira, dia 08 de janeiro de 2018 com a Festa do Batismo do Senhor. A liturgia tem como cenário de fundo o projeto salvador de Deus. No batismo de Jesus, por São João Batista, nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projeto do Pai, Ele fez-se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, para que pudéssemos chegar à vida em plenitude.
O Batismo de Jesus marca o início de seu ministério público. Jesus, o enviado do Pai, é agora manifestado como seu Filho amado; e, com a unção do Santo Espírito, é investido da missão de Profeta, Sacerdote e Rei. Essa tríplice missão é manifestada nas curas realizadas por Jesus, nos exorcismos, nos ensinamentos, e, sobretudo, no mistério pascal, em sua paixão, morte e ressurreição, para onde toda a sua atividade pública aponta e onde essa atividade encontra o seu ápice.
A primeira leitura(Is 42,1-4.6-7) anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim. Investido do Espírito de Deus, ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus. No Batismo de Jesus, ele é manifestado ao mudo como o Filho de Deus, “que não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não restabelecer a justiça na terra”(cf. Is 42,4).
No Evangelho(Mc 1,7-11), ressalta-se a concretização da promessa profética: Jesus é o Filho/”Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-Se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude. No Batismo de Jesus, o Pai declara: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer!”(Mc 1,11)
São João Batista sabia que por mais que o batismo nas águas significasse que o interior do ser havia se conscientizado do pecado e do amor de Deus em implantar seu Reino entre os arrependidos, esse batismo não era suficiente para fazer o homem a mudar seu instinto natural ao pecado, necessitando da intervenção divina na vida do ser, o que só se realizaria com o batismo com o Espírito Santo que só Jesus pode promover.
Para que essa possibilidade se tornasse realidade, Jesus cumpriu o rito do batismo do arrependimento, mesmo sendo Ele um Rabi, que quer dizer Mestre. Esse batismo do arrependimento de Jesus foi também Seu batismo com e no Espírito Santo, uma vez que o Espírito Santo desceu como uma pomba sobre Ele. E uma voz se fez ouvir: Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria. Se Jesus sendo um dos mestres judaicos, em se “arrependendo” e do ponto-de-vista demonstrado na bíblia de que Cristo padeceu na carne do todo tipo de tentação e inclinação carnal, portanto passível de arrependimento também como homem, abriu a possibilidade para que Deus desse de Seu Espírito para Ele, então essa possibilidade também está aberta a todos que assim o desejem! Esse objetivo divino -fazer com que Seu Espírito faça habitação em todos os que se arrependem- é cumprido em Cristo em seu batismo no Rio Jordão. E o júbilo do Senhor em ver esse objetivo cumprido em Jesus é traduzido por seu inesperado rompante declarando Sua alegria em ver seu filho amado cumprindo Sua vontade. O Espírito Santo é Deus nos guiando em toda a verdade, fazendo florescer os dons –em especial o do amor- e dando-nos a capacitação para mudarmos nossa mentalidade corrompida, frutificando em obras e vida plena.
A segunda leitura(cf. At 10,34-38) reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projeto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.
Renovado as nossas promessas batismais, com nosso empenho de anúncio, vivencia e testemunho do Evangelho possamos rezar: “Concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor”.
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