sexta-feira, 28 de junho de 2019

Deus é amor



Podemos dizer que hoje a Igreja celebra hoje a solenidade litúrgica do amor de Deus: hoje é a festa do amor. O apóstolo João — acrescentou — diz-nos “o que é o amor: não porque nós amámos a Deus, mas porque Ele nos amou primeiro. Ele esperava-nos com amor. Ele é o primeiro a amar”». Os profetas compreendiam isto e usaram o símbolo da flor de amendoeira: é a que floresce primeiro, na primavera. Também Deus é assim: é sempre o primeiro: é o primeiro a esperar-nos, a amar-nos, a ajudar-nos. E o amor é isto, é o amor de Deus” (Papa Francisco, Homilia na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, 2018) .



A Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus na sexta-feira da semana seguinte à Festa de Corpus Christi. O coração é mostrado como símbolo do amor de Deus. No Calvário, o soldado abriu o lado de Cristo com a lança (Jo 19,34). Diz a Liturgia que “aberto o seu Coração divino, foi derramado sobre nós torrente de graças e de misericórdia”. Jesus é a Encarnação viva do Amor de Deus e seu Coração é o símbolo desse Amor. Por isso, encerrando um conjunto de grandes Festas que abrem a retomada do Tempo Comum após o Tempo Pascal (Pentecostes, Santíssima Trindade, Corpus Christi), a liturgia nos leva a contemplar o Coração de Jesus.


O Evangelho desta solenidade vai nos trazer a primeira das 3 grandes parábolas da misericórdia apresentadas por Lucas:
Naquele tempo: Jesus contou aos escribas e fariseus esta parábola: ‘Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (Lc 15, 3-7).

Na parábola acima citada, assim como nas outras duas que compõe as parábolas da misericórdia, Jesus descreve a infinita e paternal misericórdia de Deus, seu cuidado para com cada um dos homens e sua alegria pela conversão do pecador. A meditação e a reflexão sobre esses pensamentos é uma grande fonte de confiança para nós pois, embora sendo justo, Deus não leva em conta nossas debilidade e conhece muito bem a fragilidade de nossa natureza. O bom pastor aí apresentado é o próprio Cristo, que como nos recorda S Gregório Magno: “Pôs a ovelha sobre seus ombros porque, ao assumir a natureza humana, ele mesmo carregou os nossos pecados”. A parábola mostra a alegria do pastor por encontrara a ovelha que estava perdida. Deus não fica de braços cruzados diante da nossa debilidade: sai a procurar o que estava perdido, e com zelo faz todo o necessário para encontrar o pecador.

O Sagrado Coração é a imagem do amor de Jesus por cada um de nós. É a expressão daquilo que São Paulo disse: “Eu vivi na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20). É o convite a que cada um de nós retribua a Jesus este amor, vivendo segundo a Sua vontade e trabalhando com a Igreja pela salvação das almas.

Jesus revelou o desejo da Festa ao seu Sagrado Coração à religiosa Santa Margarida Maria Alacoque, na França, mostrando-lhe o “Coração que tanto amou os homens e é por parte de muitos desprezado”. Santa Margarida teve como diretor espiritual o padre jesuíta S. Cláudio de la Colombière, canonizado por São João Paulo II, e que se incumbiu de propagar a grande Festa.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus por você. Este amor encontra seu ponto alto com a vinda de Jesus. A devoção ao Sagrado Coração de um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do Evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). Em um, temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.

Entre as muitas e ricas promessas que Jesus Cristo fez aos que fossem devotos de seu Sagrado Coração, sempre chamou a atenção a que fez aos que comungassem em Sua honra as nove primeiras sextas-feiras do mês seguidos. É tal, que todos a conhecem com o nome da Grande Promessa. Esta devoção, em sua forma atual, deve-se às inspirações de Santa Margarida Maria (1649-1690), sobretudo quando, em 16 de junho de 1657, escreveu sobre o coração de Jesus: “Eis aqui este Coração que amou tanto aos homens que não omitiu nada até esgotar-se e consumir-se para manifestar-lhes Seu amor, e, por todo reconhecimento, não recebe da maior parte mais que ingratidão, desprezo, irreverências e tibieza que tem para mim neste sacramento de amor”.

Nesta solenidade do Coração de Jesus, queremos pedir ao Senhor que dê a paz a todos os corações, pois vivemos num momento onde muitos optam pela violência. Deus é amor e paz! O nome de Deus é misericórdia! Que possamos ser ministros da misericórdia a exemplo da docilidade do Coração de Jesus! Que o nosso coração possa unir ao Coração Sagrado de Jesus.