terça-feira, 30 de setembro de 2014

Arcanjos

Os anjos foram dotados por Deus de inteligência perfeitíssima e, no entanto,

pecaram, revoltando-se contra seu Criador. Mistério do mal...  São Miguel,  por sua fidelidade, recebeu em prêmio a missão de  proteger a Santa Igreja.

Divididos em nove coros subordinados um ao outro, os anjos que se conservaram fiéis formam um exército invencível. Seu número é incalculável. Só há três anjos cujos nomes próprios as Escrituras Sagradas nos dão a conhecer.
São Miguel é o grande capitão do exército celeste. Seu nome Mi-cha-el significa, quem é igual a Deus? Quando Lúcifer, cego peloANJO_2.jpgorgulho, quis igualar-se ao Altíssimo, Miguel exclamou com voz trovejante: "Quem é igual a Deus?" E acompanhado pelos anjos fiéis, precipitou do alto dos céus a tropa rebelde dos apóstatas. Assim se tornou o generalíssimo do incontável exército dos santos anjos. Vê-se, nos profetas, que era o protetor do povo de Israel; agora o é da Igreja.
São Gabriel, cujo nome significa Força de Deus, anuncia ao profeta Daniel a época da grande obra de Deus, a época do Filho de Deus feito homem, Cristo condenado à morte, a remissão dos pecados, o Evangelho pregado a todas as nações, a ruína de Jerusalém e de seu templo, a condenação final do povo judeu. É o mesmo anjo Gabriel que prediz ao sacerdote Zacarias, no templo, no santuário, junto ao altar dos perfumes, o nascimento de um homem que será chamado João, ou cheio de graça, e que não mais anunciará a vinda do Salvador, mas que o apontará: "Eis o Cordeiro de Deus! Eis quem tira os pecados do mundo!" É o mesmo arcanjo, sempre enviado para anunciar grandes coisas, que irá à humilde casa de Nazaré anunciar à Virgem Maria a maior de todas as coisas; comunicar que, sem deixar de ser virgem, ela daria à luz ao Filho do Altíssimo, que seria chamado Jesus ou Salvador, porque seria o Salvador do mundo. É esse glorioso arcanjo que nos ensina a dizer tal como ele: "Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres!"
São Rafael, cujo nome significa Médico ou cura de Deus, dá-se a conhecer a Tobias: "Quando oráveis, vós e Sara vossa nora, ou apresentava o memorial de vossas orações diante do santo; e quando sepultáveis os mortos, estava presente junto de vós. Quando não vos recusáveis a levantar-vos da mesa e deixar vosso jantar para amortalhardes um morto, o bem que praticáveis não permanecia oculto; pois eu estava convosco. E por que éreis agradáveis a Deus, foi necessário que fosseis provados. Agora, porém, Deus enviou-me para curar-vos, a vós e a Sara, esposa de vosso Filho. Sou Rafael, um dos sete anjos que apresentam as orações dos santos, e que podem defrontar a majestade do Santíssimo!
* * * * * * * *
Todos os domingos, um incontável número de fiéis no orbe católico canta ou recita durante a celebração da sagrada Eucaristia o símbolo da nossa fé. As verdades de nossa santa religião são proclamadas, uma após outra, numa inspirada e sublime síntese, até completar a totalidade da única doutrina da fé: "Assim como a semente da mostarda contém num pequeníssimo grão um grande número de ramos - ensina-nos São Cirilo de Jerusalém -, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento".
"Creio em Deus Pai todo-poderoso!" Depois desta primeira e fundamental afirmação, da qual dependem todos os outros artigos do Credo, proclamamos em seguida "o começo da história da salvação": "Criador do Céu e da terra!"
O mistério da criação
Deus, Ser absoluto e eterno, não precisava de nenhuma criatura que Lhe rendesse homenagens e reconhecesse sua grandeza sem limites. Entretanto, em sua misericórdia, quis criar, não para aumentar a própria glória, intrínseca e sempiterna, mas para manifestar seu amor todo-poderoso e "comunicar sua glória" aos seres por Ele criados, fazendo-os participar de sua verdade, sua bondade e sua beleza.
Uma imensa multidão de criaturas diversas e desiguais - seres visíveis e invisíveis, inteligentes ou desprovidos de razão, dispostos numa maravilhosa hierarquia - constituiu então a Ordem do universo, reflexo da perfeição adorável danjo_3.jpgo Ser infinito, que só se manifestaria totalmente, na plenitude dos tempos, por seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, o Verbo eterno encarnado.
Explica o Doutor Angélico que "todo efeito representa algo da sua causa". Assim, em todas as criaturas podemos encontrar vestígios da eterna Sabedoria que as tirou do nada: nos astros que enchem as vastidões do firmamento e cujas constelações encontramse separadas, às vezes, por milhões de anos-luz; nos diminutos grãos de areia, jamais iguais entre si, que cobrem desertos e praias; na variedade assombrosa de vegetais, que vai da "erva do campo que hoje existe e amanhã é queimada" (Mt 6, 30) às seculares sequóias e jequitibás; no admirável instinto dos insetos, na fidelidade quase inteligente de um cão, na delicadeza virginal de um arminho, nos milhares de micróbios que podem pulular numa gota de água... Mas quis Deus espelhar-se sobretudo no homem, criando-o à sua imagem. E ao constituí-lo um composto de corpo corruptível e alma imortal, o tornou elo de ligação entre a matéria e o mundo espiritual.
O mundo angélico
Porém, no alto desta grandiosa hierarquia, "superando em perfeição todas as criaturas visíveis", colocou Deus a natureza angélica: espíritos puros, inteligentes e capazes de amar, cheios da graça divina desde o início de sua existência, na aurora da primeira manhã da criação. Distribuídos e ordenados por Deus em nove coros - Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos - constituem o exército da celeste Jerusalém e receberam a tríplice missão de perpétuos adoradores da Santíssima Trindade, executores dos divinos desígnios e protetores do gênero humano.
Imensa e incalculável é esta corte do Senhor. "Porventura podem ser contadas as suas legiões?", pergunta o livro de Jó (25, 3). E o profeta Daniel, abismado, escreveu: "Eram milhares de milhares os que o serviam, e mil milhões os que assistiam diante d'Ele" (Dn 7, 10). Entretanto, cada um desses espíritos possui uma personalidade própria, inconfundível e específica, não havendo sido criado um igual ao outro.
O primeiro dos anjos
A tanta diversidade e esplendor quis Deus colocar um ápice, um ponto monárquico, um ser que espelhasse de modo inigualável a luz eterna e inextinguível. Maravilha dentre as maravilhas, obra-prima do mundo angélico, fulgurava no mais alto dos coros e todos extasiavam-se diante dele. "Tu és o selo da semelhança de Deus, cheio de sabedoria e perfeito na beleza; tu vivias nas delícias do paraíso de Deus e tudo foi empregado em realçar a tua formosura!" (cf. Ez 28, 12-13).
Sendo o primeiro dos serafins, iluminava todos os espíritos celestes com os reflexos da divindade que sua inteligência ímpar discernia com o auxílio da graça. Lúcifer era seu nome: o que levava a luz...
A prova dos espíritos celestes
Entretanto, antes de poder contemplar, por toda a eternidade, a essência de Deus, deviam os anjos passar por uma prova, e apesar da altíssima perfeição da sua natureza, "não podiam dirigir-se a esta bem-aventurança por sua vontade, sem ajuda da graça de Deus".
Diante deles a face do Ser infinito permanecia como que envolta em penumbras e só seus reflexos eram capazes de alimentar o ardente amor das legiões do Senhor.
Segundo afirmam Tertuliano, São Cipriano, São Basílio, São Bernardo e outros santos, a prova que decidiu o destino eterno dos espíritos angélicos foi o aSan Gabriel Pq S Sulpice Fougeres.jpgnúncio da Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, o qual haveria de nascer da Virgem Maria.
Podemos imaginar, então, que um frêmito de assombro percorreu as fileiras das milícias celestes ao conhecerem intuitivamente, por uma ação de Deus, o plano da Salvação: o Criador eterno, inacessível, todo-poderoso, se uniria hipostaticamente à natureza humana, elevando-a assim até o trono do Altíssimo; e uma mulher, a Mãe de Deus, tornar-se-ia medianeira de todas as graças, seria exaltada por cima dos coros angélicos e coroada Rainha do universo!
O inexplicável surgia diante dos anjos como sendo o píncaro e o centro da obra da criação.
A prova havia chegado. Amar sem entender! Amar sobre todas as coisas ao Deus Altíssimo que numa sublime manifestação de seu amor havia tirado do nada todas as criaturas! Reconhecer, num supremo lance de adoração e submissão, a superioridade infinita da Bondade absoluta e eterna! Era este o ato que confirmaria os espíritos angélicos na graça divina e os introduziria na visão beatífica para todo o sempre.
A primeira revolução da História
Lúcifer, porém, duvidou diante de um mistério que ultrapassava seu angélico entendimento. Será que Deus ignorava a natureza perfeitíssima dos anjos e preferia unir-Se a um ser humano, tão inferior a eles na ordem das criaturas? Ele, o mais alto dos serafins, seria compelido a adorar um homem? "Esta união hipostática do homem com o Verbo pareceu-lhe intolerável e desejou que fosse realizada com ele", afirma Cornélio a Lápide. Sim, só a ele mesmo, Lúcifer, "o perfeito desde o dia da criação" (Ez 28, 15), deveria Deus unir-Se e deste modo constituí-lo como o mediador único e necessário entre o Criador e as criaturas. Assim, "aquele que do nada havia sido feito anjo, comparando-se, cheio de soberba, com o seu Criador, pretendeu roubar o que era próprio do Filho de Deus", conclui São Bernardo.
"O anjo pecou querendo ser como Deus" e o príncipe da luz tornou- se trevas.
Fez-se ouvir o primeiro grito de revolta da história da criação: "Não servirei! Subirei até o Céu, estabelecerei o meu trono acima dos astros de Deus, sentar-me-ei sobre o monte da aliança! Serei semelhante ao Altíssimo!" (cf. Is 14,13-14).
O defensor da glória de Deus
Ecoou, então, um brado no Céu: "Quem como Deus?"
Entre o anjo revoltado e o trono do Todo-Poderoso erguia-se "um dos primeiros príncipes" (São Miguel.jpgDn 10, 3), um serafim incomparavelmente mais esplendoroso e forte do que havia sido "o que levava a luz". Quem era este que ousava desafiar o mais alto dos anjos e agora refulgia invencível, revestido do "poder da justiça divina, mais forte que toda a força natural dos anjos"?
Quem era este? Chama viva de amor, labareda de zelo e humildade, executor da divina justiça.
"Quem como Deus?" - Milhões de milhões dos espíritos celestes repetiram o mesmo brado de fidelidade. "Quem como Deus?" - Este sinal de fidelidade, que em hebraico se diz Mi-ka-el, passou a ser o nome daquele serafim que por sua caridade ímpar foi o primeiro a levantar-se em defesa da Majestade ofendida.
Michael, Miguel: nome que exprime, em sua sonora brevidade, o louvor mais completo, a adoração mais perfeita, o reconhecimento mais cheio de amor da transcendência divina e a confissão mais humilde da contingência da criatura.
A primeira batalha de uma guerra eterna
"Houve no Céu uma grande batalha" (Ap 12, 7). Luta entre anjos e demônios, luta da luz contra as trevas, da fidelidade contra a soberba, da humildade e da ordem contra o orgulho e a desordem. "Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão com os seus anjos pelejavam contra ele" (Ap 12, 7).
Satanás, desvairado de orgulho e "obstinado em seu pecado", "arrastou a terça parte" (Ap 12, 4) dos espíritos angélicos, submergindo-os consigo nas trevas eternas da revolta. Porém, estes não prevaleceram, nem o seu lugar se encontrou mais no Céu. Foi precipitado aquele grande dragão, que se chama demônio e Satanás, e foram junto com ele os seus anjos (cf. Ap 12, 8-9) nos abismos tenebrosos do inferno (cf. 2Pd 2, 4).
Um imenso clamor encheu o universo: Como caíste do céu, ó astro resplandecente, que no nascer do dia brilhavas? (cf. Is 14, 12). A tua soberba foi abatida até os infernos! (cf. Is 14, 11). E enquanto o serafim revoltado era visto "cair do céu como um relâmpago" (Lc 10, 18) e ser condenado ao fogo inextinguível, "preparado para ele e os seu anjos" (Mt 25, 41), São Miguel era elevado pelo Rei eterno ao píncaro da hierarquia dos anjos fiéis e se tornava o "gloriosíssimo príncipe da milícia celeste", como é designado pela liturgia da Santa Igreja Católica.
O novo campo de batalha
Restabelecida a ordem nos céus angélicos, o campo de batalha onde prosseguiu a luta entre a luz e as trevas passou a ser a terra dos homens. O anjo destronado conseguiu seduzir nossos primeiros pais a pecarem, como ele, contra o Altíssimo, querendo ser como deuses (cf. Gn 3,5), e o Senhor Deus declarou guerra ao tentador: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela" (Gn 3, 15).
San Miguel Pquia-San-Miguel-Dijon-Francia.jpg
A partir deste momento uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história da humanidade. Iniciada na origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem.
Neste combate, além das armas decisivas da graça de Deus, que recebemos superabundantemente por meio dos sacramentos, contam os homens com o auxílio e a proteção dos anjos. E ao príncipe da Jerusalém celeste corresponde a capitania de todas as legiões angélicas na luta contra as forças do inferno, pela salvação das almas. Assim, São Miguel continua na terra a luta triunfal que iniciou no Céu.
Protetor do povo eleito e da Santa Igreja
Foi São Miguel o anjo tutelar do povo de Israel.
Nas Sagradas Escrituras, é ele mencionado pela primeira vez no livro de Daniel. Este profeta, ao escrever as revelações recebidas do anjo Gabriel sobre o combate para libertar a nação eleita da servidão aos persas, afirma que ninguém a defenderá "a não ser Miguel, vosso príncipe" (Dn 10, 22). E acrescenta ao narrar as tribulações de épocas vindouras: "Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande príncipe, o protetor dos filhos de seu povo" (Dn 12, 1).
O serafim da fidelidade não cessou de proteger o povo de Israel e velar pela fé da Sinagoga até o momento supremo da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Escureceu-se o sol e houve trevas, a terra tremeu, fenderam-se as rochas e o véu do Templo - monumental tecido de jacinto, púrpura e escarlate que cobria a entrada do impenetrável "Santo dos Santos" - rasgou-se em duas partes, de alto a baixo (cf. Mt 27, 51; Mc 15, 38; Lc 23, 45). Narra- nos o famoso historiador judeu, Flávio Josefo, que depois desses acontecimentos os próprios sacerdotes do Templo escutaram dentro do recinto sagrado uma misteriosa voz que clamava repetidas vezes: "Saiamos daqui!" (15).
São Miguel, a sentinela de Israel, abandonava definitivamente o Templo da Antiga Aliança, inútil agora, porque o único e verdadeiro sacrifício acabava de consumar-se no alto do Calvário. Do coração trespassado do Cordeiro Imaculado nascia a Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo, Templo eterno do Espírito Santo. E a partir desse instante, Miguel o triunfador, o primeiro adorador do Verbo encarnado, tornou-se também o vigilante protetor da única Igreja de Deus.
A este respeito escreveu o cardeal Shuster: "Depois do ofício de pai legal de Jesus Cristo, que corresponde a São José, não há na terra nenhum ministério mais importante e mais sublime do que o conferido a São Miguel: protetor e defensor da Igreja" (16).

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Maria faz parte da cruz

É assim que Ela acompanha Jesus, acompanha a vida, acompanha todos nós




Maria estava aos pés da cruz. “Junto à cruz de Jesus, estava de pé sua mãe” (João 19, 25).
 
Maria estava lá, naquela cruzMaria era muito mais que aquele lugar que cheirava a injustiça, dor, morte. Maria era mãe, filha, esposa. Era menina e rainha. Era escrava e pobre.
 
Nesse mesmo lugar, havia muitas pessoas: soldados, curiosos, simples espectadores, escribas, fariseus, amigos e inimigos de Jesus. Muitos estavas lá de passagem. Não ficaram lá para sempre. Quando tudo acabou, voltaram para suas casas. Poucos tiveram suas vidas transformadas por ter estado lá naquele dia.
 


Maria, no entanto, ficou para sempre aos pés da cruz. Esse “estar” transformou seu coração de mãe. Hoje, ela continua estando ao lado da cruz. Essa ferida de tanta dor engrandeceu sua alma e a tornou navegável para os homens.
 
Seus pés ficaram pregados na terra, no mais profundo. Seu rosto permaneceu virado em direção ao céu, olhando para a luz escondida na morte. Sua alma ficou pregada na cruz de Cristo para sempre, unida ao seu Filho, atada como esposa.
 
São Bernardo disse a Maria: “Esta espada não teria penetrado na carne do teu Filho sem atravessar a tua alma. A cruel espada que abriu seu lado, sem perdoá-lo mesmo depois de morto, não chegou a tocar sua alma, mas sim atravessou a tua”.
 


Maria é essa mulher sólida que não se deixa levar pelos ventos, pelos medos, pela vida. Ao olhar para ela, sentimos nossa própria fraqueza, nossa vulnerabilidade, nossa instabilidade. Nosso atos e palavras são fugazes.
 
Quantas vezes não estamos onde devemos estar! Nossas palavras não realizam atos. Nosso amor não se expressa na vida. Não somos o que queremos ser. Deixamo-nos levar pelo vento, estremecemos diante das cruzes do caminho, caímos e não conseguimos nos apoiar uns nos outros.
 


Olhar para Maria é pedir o dom de saber estar na vida como ela esteve. “Estar” enraizado significa estar ancorado no mais profundo da vida, no mais profundo de Deus. Entre o céu e a terra. No céu e na terra. Estar tem uma conotação de eternidade.
 
Maria nunca desceu da cruz de Jesus desde aquele momento. Lá, ela abraça seu Filho e abraça todos nós. Ela não está de passagem pela nossa vida. Não sai correndo, não finge que não viu: ela se detém diante de nós.
 


Nesse gesto, insignificante para muitos, Maria se doa. Não se vê o movimento. Está contido em todo o seu amor, que se dá. Mas esse “estar” de Maria vai muito além daquele madeiro. É um amor que não fica preso à cruz. É um amor que toca as pessoas e as acompanha no caminho da vida.
 
Maria vem até nós. E seu amor crucificado se torna um amor que nos levanta, que nos carrega e sustenta nossas vidas. O amor de Mariase coloca em caminho, torna-se peregrino. Seu “estar” se faz encontro, movimento, vida.
 


Ela está em nós, conosco, ao nosso lado, aos pés da nossa cruz, caminhando conosco. É e está ao nosso lado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Porquê Vos amo, Ó Maria…(poema de Santa Teresinha)

Santa Teresa e a Sagrada Família

Quisera cantar, Maria, porque te amo,
Porque, ao teu nome, exulta meu coração
E porque, ao pensar em tua glória suprema,
Minh’alma não sente temor algum.
Se eu viesse a contemplar o teu fulgor sublime
Que supera de muito o dos anjos e santos,
Não poderia crer que sou tua filha
E, então, diante de ti, baixaria meus olhos.
.
Para que um filho possa amar sua mãe,
Que ela chore com ele e partilhe suas dores…
Pois tu, querida Mãe, nestas plagas de exílio,
Quanto pranto verteste a fim de conquistar-me!…
Ao meditar tua vida escrita no Evangelho,
Ouso te contemplar e me acercar de ti;
Nada me custa crer que sou um de teus filhos,
Pois te vejo mortal e, como eu, sofredora.
.
Quando o anjo te anunciou que serias a Mãe
Do Deus que reinará por toda a eternidade,
Eu te vi preferir, Maria – que mistério! -,
O inefável, luzente ouro da Virgindade.
Compreendo que tua alma, Imaculada Virgem,
Seja mais cara a Deus que o próprio céu divino;
Compreendo que tua alma, Humilde e doce Vale,
Possa conter Jesus, o grande Mar do Amor!…
.
Como te amo, Maria, ao declarar-te serva
Do Deus que conquistaste por tua humildade,
Tornou-te onipotente essa virtude oculta.
Ela ao teu coração trouxe a Trindade santa
e o Espírito de Amor, cobrindo-te em sua sombra,
O Filho, igual ao Pai, encarnou-se em teu seio…
Inúmeros serão seus irmãos pecadores,
Uma vez que Jesus é o teu primeiro filho!…


Ó Mãe muito querida, embora pequenina,
Trago em mim, como tu, o Todo-Poderoso
e nunca tremo ao ver em mim tanta fraqueza.
O tesouro da Mãe é possessão do Filho,
e sou tua filha, ó Mãe estremecida.
Tua virtude e amor não são, de fato, meus?
E quando ao coração me vem a Hóstia santa,
Teu Cordeiro, Jesus, crê que repousa em Ti!…
.
Tu me fazes sentir que não é impossível
Os teus passos seguir, Rainha dos eleitos,
Pois o trilho do céu nos tornaste visível,
Vivendo cada dia as mais simples virtudes.
Quero ficar pequena ao teu lado, Maria,
Por ver como são vãs as grandezas do mundo.
Ao ver-te visitar a casa de Isabel,
Aprendo a praticar a caridade ardente.
.
Aí escuto absorta, ó Rainha dos anjos,
O canto celestial que jorrou de teu peito;
Ensinas-me a cantar os divinos louvores
E a só me gloriar em Jesus Salvador.
Tuas frases de amor caíram como rosas
Que iriam perfumar os séculos futuros.
O Todo-Poderoso em ti fez maravilhas,
Cujas bênçãos, na prece, quero usufruir.
.
Quando o bom São José ignorava o milagre
Que intentavas velar com tua humildade,
Tu o deixaste chorar aos pés do Tabernáculo
Que esconde o Salvador e sua eterna Beleza!…
Maria, amo esse teu eloqüente silêncio,
Que soa para mim como um doce concerto,
Melodia cantando a grandeza e o poder
De um coração que espera ajuda só dos céus…
.
E, mais tarde, em Belém, ó José e Maria,
Rejeitados os vi por todas as pessoas.
Não os recebeu ninguém em sua hospedaria,
Que só os grandes acolhe e não pobres migrantes…
Para os grandes o hotel, portanto é num estábulo
Que a Rainha do céu dá à luz o Filho-Deus.
Minha querida Mãe que acho tão amável,
Como te vejo grande em lugar tão pequeno!…


Quando vejo o Eterno envolvido em paninhos
E ouço o fraco vagir desse Verbo divino,
Ó Mãe querida, não invejo mais os anjos,
Porquanto o Onipotente é meu amado Irmão!…
Como te amo, Maria, a ti que, em nossas terras,
Fazes desabrochar essa divina Flor!…
Como te amo escutando os pastores e os magos
Guardando, com amor, tudo no coração!…
.
Amo ao ver-te também, entre as outras mulheres,
Os passos dirigindo ao Templo do Senhor.
Amo-te apresentando o nosso Salvador
Àquele santo ancião que O tomou em seus braços.
Em princípio, sorrindo, escuto o canto dele,
Logo, porém, seu tom me faz cair em pranto,
Pois, sondando o porvir com olhar de profeta,
Simeão te apresentou uma espada de dores.
.
Rainha do martírio, até a noite da vida
Essa espada de dor traspassará teu peito.
Cedo tens de deixar o teu país natal,
Fugindo do furor de um rei cheio de inveja.
Jesus cochila em paz nas dobras de teu véu;
José te vem pedir para partir depressa
E logo se revela tua obediência,
Partindo sem atraso ou considerações.
.
Lá na terra do Egito, ó Maria, parece
Que manténs, na pobreza, o coração feliz.
Uma vez que Jesus é a mais bela das pátrias,
Com Ele tendo o céu, pouco te importa o exílio…
Mas, em Jerusalém, uma amarga tristeza,
Como um imenso mar, vem inundar teu peito:
Por três dias Jesus se esconde de teu amor;
Agora é exílio, sim, em todo o seu rigor.
.
Tu O descobres enfim, e alegria te inunda
Vendo teu belo filho encantando os doutores
E lhe dizes: “Por que, meu filho, agiste assim?
Eis que eu mais o teu pai chorando te buscávamos!”
Então o Filho de Deus responde (oh! que mistério!)
À sua terna Mãe que os braços lhe estendia:
“Por que me procurais?… Não sabeis, talvez,
Que das obras do Pai devo me ocupar?”
.
O Evangelho nos diz que, crescendo em saber,
A Maria e José, Jesus obedecia.
E o coração me diz com que infinda ternura
O Menino a seus pais assim se submetia.
Só agora compreendo o mistério do templo:
Palavras de meu Rei envoltas em mistério.
Teu doce Filho, Mãe, quer que sejas exemplo
De quem O busca em meio à escuridão da fé.
.
Já que o supremo Rei do Céu quis que sua mãe
Se afundasse na noite e em angústias interiores,
Então, Maria, é um bem sofrer assim na terra?
Sim, sofrer com amor é o mais puro prazer.
Tudo quanto me deu Jesus pode tomar;
Dize-lhe que comigo nunca se preocupe…
Que se esconda, se quer; consinto em esperar
Até o dia sem poente em que se apaga a fé.


Sei que, em Nazaré, ó Mãe, cheia de graça,
Longe das ambições, viveste pobremente,
Sem arrebatamento ou êxtase e milagre
Que te adornasse a vida, ó Rainha do Céu.
Na terra é muito grande o bando dos pequenos
Que, sem temor, a ti elevam seu olhar.
É o caminho comum que te apraz caminhar,
Incomparável Mãe, para guiá-los ao céu!
.
Enquanto espero o céu, ó minha Mãe querida,
Contigo hei de viver, seguir-te cada dia.
Contemplando-te, Mãe, sinto-me extasiada
Ao descobrir em ti abismos só de amor.
Teu olhar maternal expulsa meus temores,
Ensina-me a chorar e também a sorrir.
Em vez de desprezar gozos puros e santos,
Tu os queres partilhar, digna-te a abençoá-los.
.
Em Caná, ao notar a angústia do casal
Que não sabe ocultar a falta de vinho,
Preocupada contas tudo a teu Jesus,
Esperando de Seu poder a solução.
Parece que Jesus recusa teu pedido
Dizendo: “Isto que importa a mim e a ti, Mulher?”
Mas, lá em seu coração, Ele te chama Mãe
E por ti Ele opera o primeiro milagre…
.
Pecadores, um dia, ouviam a palavra
Daquele que no céu deseja recebê-los.
Junto deles te vejo, ó Mãe, sobre a colina,
E alguém diz a Jesus que tu pretendes vê-Lo.
Então o Filho de Deus, diante da turba inteira,
Mostrou a imensidão de Seu amor por nós
Dizendo: “O meu irmão e minha Mãe quem é?
Não é outro senão quem faz minha vontade”.
.
Virgem Imaculada, a mais terna das mães,
Ao escutar Jesus tu não ficaste triste
Mas te alegraste, pois Ele nos fez saber
Que nossa alma, aqui embaixo, é Sua família.
Tu te alegras por ver que Ele nos dá Sua vida,
E os tesouros sem fim de Sua divindade!…
Como, pois, não te amar, ó Mãe terna e querida,
Ao ver tamanho amor e tão grande humildade?
.
Tu nos amas, ó Mãe, como Jesus nos ama
E consentes, por nós, em afastar-se dele.
Amar é tudo dar; depois, dar-se a si mesmo.
Isto provaste ao te tornares nosso apoio.
Conhecia Jesus tua imensa ternura
E os segredos de teu coração maternal.
Ele nos deixa a ti, do pecador Refúgio,
Quando abandona a cruz para esperar-nos no céu.
.
Tu me apareces, Mãe, no cimo do Calvário,
De pé, junto da cruz, qual padre ao pé do altar,
E ofertas, para aplacar a justiça do Pai,
Teu querido Jesus, esse doce Emanuel…
Um profeta já disse, ó Mãe tão desolada:
“Não há dor neste mundo igual à tua dor”!
Ficando aqui no exílio, ó Rainha dos mártires,
Todo o sangue que tens no coração nos dás.
.
O teu único asilo é a casa de São João;
Filho de Zebedeu deve substituir Jesus!…
É o detalhe final que vem nos evangelhos
E não se fala mais da Rainha dos céus.
Mas, Mãe querida, teu silêncio tão profundo
Não revela tão bem a nós que o Verbo eterno
Quer cantar Ele próprio o louvor de tua vida
Para poder encantar teus filhos lá no céu?


Logo, logo ouvirei essa doce harmonia;
Cedo irei para o céu a fim de lá te ver.
Tu que, no amanhecer da vida, me sorriste,
Vem me sorrir de novo, ó Mãe! Já se faz noite!…
Não tenho mais temor do brilho de tua glória;
Contigo já sofri, o que desejo agora
É cantar, em teu colo, ó Mãe, porque é que te amo
E mil vezes dizer-te que sou tua filha!…

sábado, 20 de setembro de 2014

Eucaristia: enorme prova do amor de Cristo

Jesus cura o paralitico na piscina de Siloe_Copia de Bartolome Esteban Murillo - Hospital de La Caridad - Sevilha.jpg

Nosso Senhor Jesus Cristo que curava, exorcizava ou ressuscitava quando via, diante de si, corações receptivos ao divino dom da Fé. Com toda glória que manifestou no Thabor, com toda a sublimidade da sua agonia no Gólgota, Ele vem hoje até nós e se faz realmente presente, oculto sob as espécies eucarísticas.
Pungente situação


Reportemo-nos às estepes de Jerusalém há mais de dois mil anos. Coloquemo-nos no lugar de um desses privilegiados homens que tiveram a oportunidade de ouvir algo acerca de Nosso Senhor Jesus Cristo: Mestre prodigioso em milagres, andava pelas estradas da Galiléia e da Judéia, curando leprosos, ressuscitando mortos, ensinando uma doutrina impregnada de paz e de amor ao próximo. Se um de nós fosse à sua procura, entrasse na cidade de Jerusalém, precisamente naquela histórica Quinta-Feira Santa à noitinha... Procurasse um albergue e fosse dormir na esperança de, no dia seguinte, encontrar pessoalmente esse Jesus, falar com Ele, fitar o seu olhar e, mais que tudo, ser olhado por Ele!
Inesperadamente, fosse acordado de madrugada com tumultos, correrias, agitações e, saindo à rua, visse esse Divino Homem ensanguentado, carregando uma imensa cruz, injuriado pelos soldados, pelos algozes, pelo populacho... Assistisse à sua Crucifixão, à sua Morte e, desolado, voltasse para a hospedagem pensando n'Ele, lembrando-se d'Ele, e horrorizado com tudo o que acabava de presenciar... Tempo depois, quando já estivesse longe da Cidade Santa, ouvisse correr um rumor reconfortante: "Olhe, aquele Jesus de Nazaré ressuscitou! E, quarenta dias depois, subiu prodigiosamente aos Céus!". Qual poderia ser a nossa atitude diante de uma situação dessas?
Não fomos abandonados

Um ilustre líder católico brasileiro respondia que se tivesse assistido a Morte de Nosso Senhor e depois soubesse da sua Ressurreição e Ascensão, ainda que não conhecesse a existência da Sagrada Eucaristia, começaria a procurar Jesus Cristo pela Terra, pois não conseguiria se convencer de que tão augusta presença tivesse deixado o convívio dos homens... Um Deus feito carne nunca mais poderia nos abandonar. Por isso, tudo clamava, tudo bradava, tudo suplicava para que esse convívio adorável não cessasse, ou seja, que Ele permanecesse de algum modo no mundo.
Em todos os sacrários da Terra, nos quais a hóstia consagra se encontra, tanto em magníficas catedrais quanto em minúsculas igrejinhas, a todo momento, Nosso Senhor Jesus Cristo está realmente presente, oculto sob a espécies eucarísticas, tal como nas ruas de Jerusalém, Nazaré, Cafarnaum, Belém. Esse mesmo Senhor que curava, exorcizava ou ressuscitava, quando via, diante de si, corações receptivos ao divino dom da Fé que vinha concedendo.
Realmente, o que seria de nós se o Filho de Deus não tivesse permanecido realmente presente, sob sagradas espécies? Se ouvíssemos relatar apenas uma recordação histórica: "Há mais de dois mil anos, houve uma época bem aventurada, na qual Deus habitou entre os homens, em corpo e alma verdadeiros, mas depois de ter sido morto e ressuscitar, subiu aos Céus e até hoje nunca mais retornou? Quando o fará? Não o sabemos...". Entretanto, tendo Ele permanecido conosco "todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20), a Igreja, "pela transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, goza dessa presença com uma intensidade sem par".[1]
Os motivos do Redentor
Quando estamos diante d'Ele ou recebemos a Comunhão, beneficiamo-nos de maneira inefável da sua sacrossanta presença. Mas, só isso não bastou ao infinito amor de Cristo. Ele não se conformou em apenas perpetuar o seu convívio conosco, pois, na celebração da Santa Missa, Nosso Senhor quer nos conceder as mesmas graças que poderíamos ter recebido se tivéssemos estado pessoalmente no Calvário, junto à Cruz. Se na hóstia, "Jesus Cristo se oferece à nossa adoração e como nutrição à nossa alma, durante a Missa, Ele se entrega a nós como nossa vítima".[2] Assim, três são os principais motivos pelas quais Nosso Divino Redentor quis instituir o Santíssimo Sacramento do altar: 1º para perpetuar a sua Presença Real entre nós; 2º para habitar nosso interior por meio da Comunhão; 3º para renovar incruentamente o seu Santo Sacrifício do Calvário.
Desde aquela sublime primeira Eucaristia, celebrada na Quinta-Feira Santa, até a última que tenha terminado, em algum lugar longínquo da Terra, há poucos segundos, ao operar-se o sublime milagre da Transubstanciação, pelo qual Cristo se fazSantissimo Sacramento.jpg realmente presente, outro mistério extraordinário se patenteia: "Sempre que no altar se celebra o sacrifício da Cruz, na qual ‘Cristo, nossa Páscoa, foi imolado' (1 Cor 5, 7), realiza-se também a obra da nossa Redenção".[3] Sim, renovam-se realmente, embora semderramamento de sangue, a Paixão e a Morte de Nosso Senhor. Mesmo na Última Ceia, a própria "Instituição da Eucaristia antecipou, sacramentalmente, os acontecimentos que teriam lugar pouco depois".[4]
As próprias palavras da Consagração o atestam. Com efeito, o celebrante "não diz somente: ‘Este é o cálice do meu Sangue', mas ainda acrescenta: ‘derramado por vós e por muitos, para remissão dos pecados'. Ora, tendo sido infalivelmente cumpridas as primeiras palavras, também devem sê-lo as últimas".[5] Assim, nesse extraordinário milagre eucarístico, por certo, quotidiano, opera-se uma efusão espiritual do preciosíssimo Sangue, sobre as almas dos fiéis, e "essa aspersão espiritual é infinitamente mais eficaz do que a material".[6]
Que resposta daremos ao amor divino?

Os carrascos que torturaram nosso Divino Redentor seguramente viram os seus corpos tintos pelo adorável Sangue e, contudo, parece não terem se beneficiado dele. Apenas o soldado que lhe atravessou o lado, segundo uma antiga tradição, foi curado do defeito de um dos seus olhos, quando o precioso líquido tocou-lhe a pálpebra e, graças a esse milagre, passou a seguir aquele Crucificado que, mesmo quando era ferido, retribuía o bem.
Sem dúvida, o poder ter sido irrigado pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, teria sido um privilégio extraordinário, se essa altíssima dádiva fosse acolhida com verdadeira Fé. Mas, talvez ela pudesse apenas ficar na superfície dos nossos corpos, sem causar algum efeito interior. No Santo Sacrifício da Missa, porém, "a aspersão espiritual desse Sangue adorável, purifica, santifica e adorna as nossas almas",[7] alcança-nos profundo arrependimento para confessar as faltas cometidas, aumenta a Graça Santificante de quem já a possui e cumula de méritos e de forças o cristão fiel, a fim de enfrentar todos os obstáculos que visam afastá-lo do caminho da sua eterna salvação. Quanto amor devemos, pois, "Àquele que nos ama e que nos lavou de nossos pecados no seu Sangue" (Ap 1, 5)!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Distrações na ORAÇÃO: veja aqui como evitá-las

Quem se propõe a orar é constantemente tentado a adiar, recortar, tornar rotina e – o pior de tudo – suprimir sua oração.
O diabo costuma sussurrar ao ouvido de quem quer orar: “Não, agora você tem muitas coisas para fazer, deixe isso para depois” (um depois que nunca chega).
Ou se, por exemplo, a pessoa se propôs a orar meia hora, sente-se tentada a abandonar a oração depois de dez minutos, achando que já orou suficientemente, mais do que muitas outras pessoas.
Também surgem as distrações, a recordação do que se deixou pendente, ou se sente sono, a pessoa pode ser chamada, interrompida, o telefone pode tocar… Muitas coisas podem interromper a oração.
Cuidado: são tentações. Mas o que fazer nestes casos? Santo Inácio de Loyola aconselhava fazer o contrário do que a tentação sugere.
Por exemplo, se você decidiu orar meia hora, mas, depois de 15 minutos, já se vê tentado a terminar, proponha-se a orar não somente a meia hora, e sim 15 minuto a mais.
Ao agir assim, você conseguirá superar a tentação de recortar a oração e o tentador provavelmente não voltará a lhe apresentar este tipo de proposta.
Nunca se esqueça de que, em seu propósito de fazer oração, não basta enfrentar as circunstâncias do mundo e suas próprias emoções, mas também o demônio, que está muito interessado em fazer você deixar de orar, já que a oração traz muitos bons frutos.
São Pedro nos recorda: “Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1 Pedro 5, 8).
Diante da tentação, procure afiançar seu “sim” ao Senhor e dizer “não” à tentação.
Leve em consideração que, com a oração, acontece como com os alimentos: quando deixa de comer, a pessoa vai perdendo a fome, até morrer de inanição. Quando deixa a oração de lado, a pessoa vai perdendo a vontade de orar, até morrer espiritualmente.
Por isso, é importante superar esta tentação. Peça a Deus ajuda para orar e para lutar contra tudo o que atrapalha ou dificulta a sua oração.
Peça-lhe que o ajude a encontrar tempo; que lhe dê um coração bem disposto; que o livre do desânimo; enfim, que o ajude a defender seus momentos de encontro íntimo com Ele.
E confie em que Ele o ajudará!
“Bendito seja o Senhor, que ouviu a voz de minha súplica; 
nele confiou meu coração e fui socorrido.
O Senhor é a minha força e o meu escudo! 
Por isso meu coração exulta e o louvo com meu cântico.”
(Salmo 27, 6-7)
Fonte: Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus